Greve de caminhoneiros na Argentina afeta entrega de grãos em seu 3º dia

G1

O volume de grãos entregues por caminhões nos portos da Argentina caiu no terceiro dia de greve do transporte no país, segundo o Estadão Conteúdo. Nos portos do San Lorenzo e General San Martín entraram apenas 125 caminhões nesta quarta (20), ante 338 na véspera e 3.369 última quarta-feira (13), segundo dados da Willians Entregas.

Exportadores têm estoque suficiente para manter as remessas internacionais operando por alguns dias, mas com negociações estagnadas e sem previsão de fim para o impasse, preocupações começaram a aumentar nesta terça-feira.

“Embora o setor de exportações não seja o tema do conflito com os caminhoneiros, exportações podem ser afetadas negativamente ao longo dos próximos dias, especialmente as remessas de milho, se a greve continuar,” disse Andres Alcaraz, porta-voz da associação de exportadores CIARA-CEC, em um comunicado enviado por email, segundo a Reuters.

Terceiro dia de greve
Motoristas iniciaram na segunda uma interrupção no trabalho sem data para retornar, alegando que o pagamento que recebem para transportar milho, trigo e soja não acompanhou o ritmo da inflação anual de dois dígitos da Argentina.

Os caminhoneiros, alguns dos quais são representados e é liderada pela Confederação Argentina de Transporte Automotivo de Carga (Catac), pediram um aumento de 31% nas tarifas.

Segundo a Catac, a adesão ao movimento atinge no país cerca de 180 mil caminhoneiros e será mantida por tempo indeterminado até que o governo acate as reivindicações da classe, como o aumento das tarifas de frete e um plano nacional para renovação da frota, frente ao aumento de custos do setor, como preço da gasolina e pedágios.

Milho e soja
O milho está no centro das atenções porque a colheita tem sido atrasada por conta de fortes chuvas no cinturão dos grãos nos Pampas, limitando os estoques. Bolsas de commodities locais esperam que o país colha de 27 milhões a 28 milhões de toneladas de milho neste ano, das quais apenas quase metade foi colhida até agora.

De acordo com o relatório da Willians Entregas, caminhões fazem piquetes nas portas dos terminais e alguns veículos são impedidos de entrar. Dos carregamentos que entraram nos portos, a maioria foi de soja, com 48 caminhões. Do restante, 47 foram carregados com milho, 19 com trigo e 11 com sorgo.

A paralisação deve afetar principalmente os mercados de soja, milho e trigo nos próximos dias, na opinião de analistas. Atualmente, a colheita de soja na Argentina está em fase final; a do milho está quase na metade e há relatos de atrasos nos embarques.

A colheita de soja na Argentina alcançava na semana passada 98% da área plantada, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Com relação ao milho, a colheita progrediu 2,9 pontos porcentuais na última semana, alcançando 47,5% da área cultivada. Já no caso do trigo, o plantio chegou a 79% da área total.