G1
Auditores da Receita Federal fazem paralisação nesta quarta-feira (23) em Ponta Porã, na fronteira do Brasil com o Paraguai em Mato Grosso do Sul. A ação integra os atos do Dia Nacional de Paralisação Aduaneira, marcado para hoje pelo sindicato nacional da categoria. Em protesto à paralisação dos auditores, caminhoneiros se aglomeram em frente à Receita Federal na fronteira seca com o Paraguai e bloqueiam a saída de caminhões do pátio.
Segundo o caminhoneiro Paulo Radeke, 52 anos, a classe está prejudicada por conta da demora na liberação de cargas. Caminhoneiro há 22 anos, ele diz que nunca passou por situação parecida.
“A situação está cada vez mais complicada para nós. Fazíamos de cinco a seis viagens por mês, de São Paulo para Mato Grosso do Sul, agora estamos conseguindo fazer só uma. Tem caminhão carregado de cervja que está parado há 25 dias no pátio da Receita Federal e, enquanto isso, o motorista não recebe estadia e perde dinheiro esperando e dependendo dos auditores. Eles estão reivindicando melhores salários, mas no fim do mês eles recebem e a gente que é dono de caminhão está ficando sem salário porque somos comissionados. Eles [auditores] recebem o salário no fim do mês, independente de qualquer coisa, a gente não. Se não trabalhar, não tem salário”, ressaltou.
Os auditores protestam contra o projeto de lei que modifica a estrutura da carreira tributária e aduaneira e modifica a composição salarial. A categoria acredita que as mudanças “abrem a porta para a ingerência política na Receita Federal e desmantela a estrutura da instituição”.
Segundo a Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems), os auditores de Ponta Porã fazem operação-padrão desde março de 2015, acumulando prejuízos diários de US$ 120 mil ao setor industrial.
O assunto foi discutido entre a Fiems, Sindicato Nacional dos Autores da Receita Federal (Sindifisco) no estado e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico em reunião no começo de novembro.