Criar um Plano Interamericano de Segurança Viária foi a recomendação da Organização dos Estados Americanos (OEA) durante sessão paralela na 2ª Conferência Global de Alto Nível sobre Segurança no Trânsito – Tempo de Resultados, encerrada nesta quinta-feira (19) em Brasília. A secretária de Acesso a Direitos e Equidade da OEA, Ideli Salvatti, pediu o apoio dos demais países da integrantes da Comissão Econômica para América Latina e Caribe da Organização das Nações Unidas (ONU), que organizaram o debate na Conferência.
Participantes citaram a importância da efetividade da cooperação internacional e compromisso real das autoridades, mídia e sociedade civil organizada em pautar a redução de mortes e acidentes de trânsito na agenda política e social dos países da região.
“A segurança no trânsito é uma questão plenamente social, que afeta diretamente os públicos em maior situação de vulnerabilidade, as famílias mais pobres, populações negras e indígenas, mulheres, crianças, idosos, e especialmente os países de renda mais baixa”, afirmou.
A sugestão trazida pela representante da OEA foi de construir uma cooperação interamericana envolvendo o Projeto de Integração e Desenvolvimento Mesoamericano, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), dentre outras. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que as mortes atingem especialmente crianças e jovens de 5 a 29 anos, promovendo despesas da ordem de 1,8 trilhão de dólares por ano em todo o mundo.
Para o Ministro dos Transportes do Chile, Cristian Bowen, o momento é crucial para atitudes consistentes dos estados latinos. “Em 2002, o Chile aumentou a velocidade das vias por lei, de 50 km/h para 60. Em 2003 aumentou em 25% o número de mortes nas vias. Precisamos colocar o tema na agenda política, e não só técnica, dos países latinos”, disse.
A Conselheira de Segurança no Trânsito da OPAS, Eugênia Rodriguez, citou como exemplo positivo as medidas adotadas em São Paulo pelo prefeito Fernando Haddad, que reduziu a velocidade em pistas da capital. “Temos inúmeros dados que comprovam a redução de mortes e acidentes, mas as pessoas preferem atacar a questão como se fosse indústria de arrecadação com multas. Temos dados que comprovam que vidas são salvas”, afirmou.
Cooperação internacional – A diretora-executiva do Projeto de Integração e Desenvolvimento da Mesoamerica, Lidia Fromm Cea, demonstrou a importância da cooperação e da troca continuada de experiências em rede.
“Criamos o Plano Maestro Mesoamericano de Segurança no Trânsito com a intenção de reduzir as mortes em ao menos uma grande cidade nos países membros, alterando a legislação e melhorando sistemas de informação de segurança viária para melhorar a tomada de decisões”, afirmou. O Projeto Mesoamericano inclui dez países da América Central e do Sul.
Gabriel Pérez Salas, oficial-associado de Assuntos Econômicos, Unidade de Serviços de Infraestrutura da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL/ONU), defendeu a ampliação da cooperação entre países como forma de se manter trocas continuadas de experiências.
Ele também apresentou disposição de acompanhar mais diretamente a situação da República Dominicana por provocação de participantes da audiência, bem como sugeriu que os países avancem na disposição de buscar opções de transportes públicos nas cidades e também nas áreas rurais, onde o socorro a vítimas também costuma ser mais debilitado