Depois de todo o trabalho do cultivo e da colheita da safra, os produtores de Mato Grossoainda enfrentam sérios problemas para escoar seu produto até os portos do Norte. A principal ligação, a BR-163, continua um desafio para os caminhoneiros.
A viagem pela BR-163 deu prejuízo de novo para o caminhoneiro Antônio Luiz Cardos. Mais um pneu do caminhão dele foi destruído. “Todas as descidas têm buraco e tem que frear. Por que não coloca uma terra, um troço pra arrumar aquilo? Isso é um absurdo”, reclama.
A BR-163 é uma rota importante para escoar a safra de grãos do norte do Mato Grosso. São quase mil quilômetros entre Sinop e o porto de Miritituba, em Itaituba, no Pará. No trecho paraense são, pelo menos, 100 quilômetros sem asfalto. Buracos, lama e poeira exigem sacrifício dos caminhoneiros.
“Eu caí num buraco chegando em Miritituba, que se viesse alguém de frente, a gente tinha batido, porque o caminhão desgovernou. É perigoso”, relata o caminhoneiro Joaquim Fernandes.
A parada obrigatória na estrada pegou de surpresa muitos caminhoneiros que vêm do Centro-Oeste carregados de grãos. Desse ponto, ainda tem muito chão pela frente até despachar a carga nos portos do Pará.
Equipes do Exército trabalham em um trecho de serra para diminuir o risco de acidentes. Os caminhoneiros se revezam para passar pelo local. O tempo de viagem dobrou, porque a espera tem sido demorada e cansativa nos dois sentidos da rodovia.
O caminhoneiro Diego Alves não esquece. Foram oito dias de sofrimento na estrada: “Se essa BR fosse toda asfaltada, seria um sonho pra todo mundo. Trabalhar tranquilo, trabalhar em paz. Isso aqui a gente vai, não sabe se caminhão quebra, a gente vai e não sabe se volta”.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) disse que as chuvas provocaram atraso no asfaltamento da estrada e que a obra deve terminar só no ano que vem.
Globo Rural