G1 – Santa Catarina
Casos de ciclistas e pedestres que morreram atropelados na Grande Florianópolis têm chamado a atenção desde o início da temporada de verão. No caso do jornalista Róger Bittencourt, morto na SC-401 no dia 27 de dezembro enquanto pedalava, e do ajudante de pedreiro Edevaldo Veloso Amaro, atingido a pé a caminho do trabalho no último dia 9, os responsáveis pelos atropelamentos haviam ingerido bebida alcoólica.
A combinação entre álcool e direção foi justamente o tema do terceiro balanço da série “De Olho no Verão”, nesta quarta (17). O debate na sede da RBS TV em Florianópolis reuniu representantes da Polícia Militar Roviária (PMRv), da Polícia Rodoviária Federal (PRF), das organizações de ciclistas Bike Anjo e ViaCiclo e também da Justiça.
Cultura do álcool
O inspetor Luiz Graziano, da PRF, criticou o fato de o álcool fazer parte da “cultura” do povo brasileiro. “Há uma vinculação entre álcool e alegria, festa. As crianças crescem com a percepção de que beber é uma coisa normal e imprescindível para ser feliz”, disse o inspetor.
Segundo Graziano, as famílias não estão conscientes dos perigos do álcool. “No trânsito a gente vê o reflexo maléfico do álcool. Mas ele está presente nas brigas domésticas, nos homicídios, nas confusões perto de bares e no trânsito também. Nós temos que melhorar a educação, os nossos valores”, disse Graziano.
Festas à beira de rodovia
“Não há polícia que resolva esse problema. Você coloca 20 mil, 30 mil pessoas em uma festa a madrugada inteira na beira de uma rodovia, a polícia rodoviária vai fazer o quê? Nós estamos criando um problema para nós mesmos”, pontuou Graziano. “E o transporte coletivo não funciona, deveria haver vans e ônibus para o pessoal que vai para as festas.”
O tentente-coronel Fábio Martins, da PMRv, classificou como “alarmante” a relação entre álcool e direção. “Temos que mudar nossa atitude”. Segundo ele, a Lei Seca é fiscalizada, “como é fiscalizado o excesso de velocidade na SC-401”.
Ciclistas na SC-401
Milton Della Giustina, fundador da Via Ciclo, que usa bicicleta para ir ao trabalho e para lazer, disse que “felizmente” não precisa passar pela SC-401, onde dois ciclistas morreram atropelados em menos de um mês neste verão. “E as pessoas que moram na SC-401 e trabalham na região? A gente tem vários conhecidos que moram em Jurerê e vêm para o Centro e são obrigados a usar, até por questões financeiras ou de tempo”.