Caminhoneiros protestam contra nova rota da BR-158

Folha Max

Moradores e caminhoneiros bloqueiam um trecho da BR-158, em Bom Jesus do Araguaia, a 983 km de Cuiabá, contra a nova rota da rodovia que deve contornar a terra indígena Marãiwatsédé, no nordeste do estado. Antes em linha reta, o novo traçado que deve ser asfaltado desagrada ainda os produtores da região que apontam o futuro aumento nos preços para o escoamento da produção.

O G1 tentou, mas não conseguiu contato com o Departamento Nacional de Infraestrutura e Trannsporte (Dnit) até a publicação desta reportagem.

Os manifestantes usaram caminhões e outros veículos para bloquear o trecho. Segundo os moradores, cerca de 100 caminhões estão parados no trecho desde às 7h (6h horário de Mato Grosso).

O empresário Arnon Araújo dos Santos, dono de um posto de combustível, afirmou que os comerciantes da região vão perder com a mudnaça no traçado. “Vamos perder com essa mudança. Desse jeito, nossa região vai ficar fora do traçado e sem asfalto”, afirmou.

Os produtores rurais da região também são contra o desvio do trecho original. “O trecho é uma rota de produção e escoação. Com a nova rota, vamos levar mais 90 km para transportar nossa produção. Isso vai gerar um custo para o produtor. O custo do frete vai subir e quem perde somos nós”, declarou Paulo Gonçalves, dono de uma propriedade na região.

Em maio, uma audiência pública discutiu a pavimentação de 190 km da rodovia.

Terra Indígena

A área que foi alvo de disputa tem uma extensão de mais de 165 mil hectares. De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), o povo xavante ocupa a área Marãiwatsédé desde a década de 1960. Naquela época, a Agropecuária Suiá-Missú instalou-se na região. Em 1967, índios foram transferidos para a Terra Indígena São Marcos, na região sul de Mato Grosso, e lá permaneceram por cerca de 40 anos.

No ano de 1980 a fazenda foi vendida para a petrolífera italiana Agip. Naquele ano, a empresa foi pressionada a devolver aos xavantes a terra durante a Conferência de Meio Ambiente no ano de 1992, realizada no Rio de Janeiro (Eco 92). A Funai diz que naquele mesmo ano – quando iniciaram-se os estudos de delimitação e demarcação da Terra Indígena – Marãiwatsédé começou a ser ocupada por não índios.

O ano de 1998 marcou a homologação, por decreto presidencial, da terra indígena. No entanto, diversos recursos impetrados na Justiça marcaram a divisão de lados entre os produtores e indígenas.

A área está registrada em cartório na forma de propriedade da União Federal.