CGU investiga estradas mal feitas ou inacabadas em assentamentos rurais

A Controladoria Geral da União investiga estradas mal feitas ou inacabadas em assentamentos. Mais de R$ 1 bilhão foram liberados para as obras. Só no estado de Alagoas, nove estradas estão na mira da CGU. A população que vive nessa região sofre com o descaso e com o mau uso do dinheiro público.

As terras na região são produtivas, como contou o agricultor Aldo Manoel: “Aqui tem inhame, tem a laranja, a laranja pêra, tem a banana… tudo! Só falta estrada boa”. E ele tem razão. Faltam estradas boas para levar os produtos até as feiras. Esse é o resultado de um levantamento feito pela CGU em 86 assentamentos rurais de 18 estados. Mais de R$ 1 bilhão gastos desde 2010, mas muito pouco foi feito. Só em Alagoas, mais de R$ 9 milhões foram gastos para construir e reformar estradas – obras que deveriam ter sido fiscalizadas pelo Incra.

Os fiscais encontraram irregularidades em nove obras de assentamentos rurais em Alagoas. Em uma das estradas, ainda de terra, não é possível passar dois carros ao mesmo tempo, porque é estreita demais. Também há muitos buracos. Mais de R$ 1 milhão foi destinado a essa estrada, para serviços de melhorias que não foram feitos.

Nos assentamentos do município de Atalaia, a 50Km de Maceió, as obras foram abandonadas. Elas custaram R$ 4 milhões. O desperdício de tanto dinheiro deixa insatisfeito quem precisa da estrada boa. “Dinheiro que foi nosso e quem passa o sufoco é a gente, que transita todos os dias aqui”, diz o agricultor Claudemir Araújo.

Dirigir em uma estrada mal acabada, de terra, cheia de buracos, é um desafio diário da população, como o motorista de ônibus Cláudio Vicente Soares. “Manter um transporte numas estradas dessa aqui, não tem condições, [a velocidade] é 10, 20 quilômetros, no máximo”, diz ele, que leva crianças e adolescentes para a escola diariamente nessas condições.

O que a CGU quer saber agora é aonde foi parar tanto dinheiro. “Alguém autorizou o pagamento para serviços que não foram executados. Então alguém vai ter que responder e o dinheiro vai ter que ser ressarcido aos cofres públicos”, disse o chefe da unidade regional da CGU, José William Gomes.

A unidade regional do Incra em Alagoas disse que tem apenas dois engenheiros para atender a demanda dos assentamentos no estado e que uma comissão foi criada para analisar as denúncias feitas pela CGU.

G1