Quase 80% das mortes registradas nas rodovias mineiras em 2017 ficaram concentradas em apenas cinco estradas. Juntas, as BRs-365, 262, 040, 116 e 381 deixaram um saldo de 692 vidas perdidas após acidentes. Os dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontam ainda que todas as vias registraram aumento dos óbitos na comparação com o ano anterior.

A malha federal de Minas tem 5,5 mil quilômetros. Conhecida como Rodovia da Morte, no trecho de 110 quilômetros entre BH e João Monlevade, a BR-381 concentra um quarto dos óbitos. Na noite da última quinta-feira, mais um desastre se repetiu, causando forte comoção principalmente entre membros de redes sociais. No acidente que envolveu um caminhão e cinco carros de passeio morreram o jornalista Ronaldo Lenoir e o fundador do site BHAZ, Pedro Guadalupe.

O episódio reforça que as ocorrências estão cada vez mais violentas. Mesmo com a queda no número de acidentes, as mortes nas estradas cresceram 5%, na comparação entre 2016 e 2017.

Velocidade

Para o engenheiro e consultor em transporte e trânsito Osias Baptista Neto, muitos fatores podem contribuir para o crescimento. Um dos principais é o excesso de velocidade.

“Há muitos radares nas rodovias, mas nos trechos entre esses equipamentos, muitos motoristas aceleram com a intenção de ‘tirar o atraso’ e acabam se envolvendo em acidentes”.

Não por acaso, as multas por transitar acima da velocidade máxima permitida estão no topo do ranking de infrações registradas pela PRF, com mais de 245 mil flagrantes em todo o Estado em 2017.

“Além disso, acidentes envolvendo ônibus, inclusive clandestinos, também têm acontecido com frequência, e fazem um número de vítimas maior”, diz Osias.

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Imprudência

Mais de 13 mil pessoas ficaram feridas após acidentes nas rodovias federais do Estado no ano passado. Desse total, pelo menos 2,7 mil vítimas tiveram ferimentos graves.

A imprudência dos motoristas contribuiu para um cenário preocupante. Quase 140 mil condutores foram flagrados trafegando com os faróis apagados, o que é proibido por lei. Como se não bastasse, cerca de 31 mil motoristas foram pegos fazendo ultrapassagens pela contramão, manobra arriscada que pode colocar em risco a vida deles e de outras pessoas.

Até mesmo a medida protetiva mais básica na direção, que é o uso do cinto de segurança, continua sendo motivo para multas. Em 2017, nada menos que 28,4 mil condutores foram autuados por trafegar sem o dispositivo.

A PRF não forneceu fonte para falar sobre o assunto. Questionada, a corporação informou, por meio de nota, que “essas são as rodovias mais importantes do Estado por onde trafegam um maior número de veículos, por isso têm maior concentração de acidentes”.

BR-381 registra duas batidas graves em menos de 24 horas

>Os óbitos do jornalista Ronaldo Lenoir e do fundador do site BHAZ, Pedro Guadalupe, evidenciaram, mais uma vez, o porquê de a BR-381 ser conhecida popularmente como Rodovia da Morte.

O acidente aconteceu no trecho de Nova Era, região Central do Estado, depois que um caminhão perdeu o controle e invadiu a pista contrária, no sentido Belo Horizonte. O veículo de carga atingiu cinco carros, incluindo o que levava as duas vítimas.

Após o impacto, o automóvel ficou completamente destruído. Os passageiros dos outros veículos tiveram apenas ferimentos leves e foram encaminhados para o hospital de Nova Era, de acordo com informações da PRF.

O corpo de Ronaldo Lenoir será enterrado no Cemitério do Bonfim, neste sábado, às 10h. Já o de Pedro Guadalupe, no Bosque da Esperança, às 13h.

Rotina

Menos de 24 horas depois, outra batida envolvendo três carretas tirou a vida de um motorista na BR-381. O acidente aconteceu em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), na manhã desta sexta-feira.

De acordo com a PRF, a ocorrência aconteceu no km 428, onde obras que fazem parte da duplicação da rodovia estão sendo realizadas. A carreta teria tombado em uma curva fechada e colidiu contra outros dois veículos de carga que trafegavam em sentido oposto.

As duas pistas da estrada tiveram que ser interditadas, o que provocou congestionamento nos dois sentidos.