Dirigir deveria sem uma tarefa simples, mas o desrespeito às leis de trânsito e aos próprios motoristas, tornam essa missão cada vez mais estressante e perigosa, principalmente em horários em que os congestionamentos se prolongam pelas principais avenidas de Manaus.
Na avenida André Araújo, no Aleixo, na Zona Centro-Sul, é fácil identificar o “festival” de irregularidades cometidas pelos motoristas, seja de carros ou motocicletas. O ponto mais crítico é percebido no trecho em que a avenida cruza com a avenida Umberto Calderaro, no Adrianópolis.
Os mais apressados costumam “cortar” o motorista da frente, cruzando de uma faixa para a outra, sem o aviso prévio, ligando as setas para sinalizar para a direita ou esquerda. Outros, que saem da rua Franco de Sá, no São Francisco, em direção a André Araújo, e literalmente atravessam de uma faixa para outra para descer a avenida Umberto Calderaro ou seguir pela rua Salvador, no conjunto Vieiralves.
Essas “manobras” não só atrapalham o trânsito, como também possibilitam os riscos de acidentes. “Em horário de pico, essa avenida fica uma louca porque ninguém respeita ninguém. Tem pedestre que atravessa a rua pelo meio da pista, tem motorista que muda de faixa em cima do outro carro, e tudo isso pode acabar em acidente ou em trânsito mais travado”, afirmou a técnica de enfermagem Karley Ferreira, 44.
Segundo ela, para evitar qualquer acidente, ela sempre opta em atravessar a pista pela passarela, localizada em frente a Secretária de Estado de Fazenda (Sefaz).
Comportamento
O especialista em trânsito Haniery Mendonça afirma que a principal causa de acidentes de trânsito é a imprudência e o desrespeito às leis de trânsito. Na opinião dele, o que torna o trânsito cada vez mais sobrecarregado é justamente a falta de consciência do motorista, que geralmente não segue as normas de trânsito.
“Esse problema é comportamental. Há uma cultura em todo País de sempre querer dar um jeitinho, encurtar o caminho, mas isso significa dar margem para que um acidente aconteça. Se todo mundo fizesse o correto, seguisse as leis de trânsito, seria mais difícil ocorrer acidentes de trânsito”, explicou o especialista.
Na visão dele, as avenidas de grande fluxo da capital possuem sinalização horizontal adequada, mas a falta de atenção ou a pressa dos motoristas prejudicam o bom funcionamento do trânsito.
Na avenida Djalma Batista, nos trechos entre as avenidas Mário Ypiranga e Torquato Tapajós os problemas se repetem. Carros amontoados, destinos diferentes, e “briga” para passar de uma faixa para outra. “Nesse trecho por exemplo, muitas pessoas fazem um retorno errada enfrente a Unip. O correto seria fazer o retorno na rotatória do Eldorado para não atrapalhar o trânsito, mas muitos querem ser ‘espertinhos’ e é aí que está o problema”, comentou.
Um carro para cada três pessoas
De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Manaus tem uma frota de veículos considerada grande para os seus poucos mais de 2 milhões de habitantes. Atualmente, a frota possui 810 mil veículos, entre veículos de passeio, transporte de passageiros e transporte de carga. O que representa uma média de 2,5 carros por pessoa.
Segundo o diretor-presidente do órgão, a frota só não está maior porque nos últimos dois anos houve uma redução de emplacamentos de veículos novos, devido a crise financeira.
Até 2014, o Detran chegava a emplacar 6,2 mil veículos mensalmente. Hoje, os emplacamentos reduziram para 1,3 mil por mês.