Correio de Uberlândia
O volume médio diário de veículos pesados que trafegam pelas rodovias federais que cortam Uberlândia caiu até 12,5%, entre os meses de janeiro e abril de 2016, se comparado ao registrado no mesmo período de 2015. Os dados são do Plano Nacional de Contagem de Tráfego (PNCT) do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transpores (Dnit) e foram verificados nas BRs 050 e 365. A situação está ligada à diminuição da produção industrial gerada pela crise econômica no País e preocupa tanto empresas quanto trabalhadores do setor.
No período comparado, o pior resultado foi o da BR-050, que teve a média diária reduzida em 1.079 veículos. Dos 8.617 veículos de carga registrados em 2015, o número passou para 7.538 nos quatro primeiros meses de 2016, uma queda de 12,5%. Na BR-365, no sentido Monte Alegre de Minas, em um ano, a redução foi de 1,2%. No primeiro quadrimestre de 2016, passaram 10.353 veículos pesados, em média, todos os dias no trecho. Em igual período do último ano, a média foi de 10.483 caminhões.
A média foi calculada a partir dos dados do Dnit e leva em consideração caminhões de quatro a nove eixos. Dados da outra rodovia federal que passa por Uberlândia, a BR-452, estão incompletos para que haja uma comparação da evolução entre 2015 e 2016. Isso aconteceu, segundo o PNCT, “porque o equipamento do Dnit não estava em funcionamento de 1º de janeiro a 13 de maio de 2015”.
De acordo com o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Triângulo Mineiro (Settrim), Cleiton Cesar da Silva, o setor sofre há dois anos com a queda de volume de cargas. Ele disse que isso é reflexo do momento econômico de consumo mais baixo, o que tem provocado baixa no faturamento das empresas. Segundo cálculos da entidade, houve uma redução de até 15% no valor do frete para manter os veículos circulando, quando, na verdade, o setor deveria ter reajustado em 35% o valor do transporte. “O transportador está no sacrifício. Dependemos do aquecimento da economia”, disse Silva.
ACIUB
A situação é percebida em todo o Estado, segundo Silva. Os números do PNCT confirmam esse cenário negativo. Na BR-381, por exemplo, que, no trecho entre Belo Horizonte e São Paulo (SP) é conhecida como Fernando Dias, houve redução média de 0,6% de veículos pesados trafegando pela estrada. Essa é considerada uma das rodovias mais importantes do Estado.
Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub), Fábio Pergher, a queda no volume de cargas a serem transportadas nas rodovias federais que cortam Uberlândia é reflexo do impacto sofrido pela indústria por conta da crise econômica.
“A redução do transporte é sinal direto dela (da crise). O baixo consumo afeta a indústria, que produz cada vez menos e, com isso, o volume de transporte cai em proporção direta”, afirmou
Motoristas temem perder o emprego
Com a redução do volume de veículos de carga trafegando pelas rodovias federais que cortam Uberlândia, motoristas se preocupam com o emprego. André Luiz Martins, que veio de Campinas (SP) por conta de um entrega a um atacadista de Uberlândia, afirmou, ontem, à reportagem do CORREIO de Uberlândia, que o problema se acentuou em 2016. “Hoje, descarregamos e passamos a tarde toda esperando carga para voltar para a capital”, disse Martins, que lembrou que, antes da crise, já vinha à cidade com a carga de volta acertada previamente.
A principal perda para outro profissional, Natalino da Rocha, foi salarial. “Com menos viagem, não temos hora extra e o salário cai”, afirmou o motorista.