O diretor institucional da Rumo Logística (antiga ALL), Guilherme Penin, disse, durante a audiência pública que discutiu a expansão da ferrovia de Rondonópolis à capital, que “existe um potencial de 20 milhões de toneladas por ano consumidas aqui em Cuiabá que vêm, sobretudo, do Estado de São Paulo e poderiam sim vir sobre trilhos”. “Estudo de viabilidade econômica para a chegada da ferrovia até Cuiabá detectou que a cidade tem uma grande capacidade de cargas. Estamos fazendo em Rondonópolis um volume muito grande de cargas industriais, tanto no sentido MT – SP como no sentido inverso. E boa parte dessa carga é consumida ou gerada aqui em Cuiabá. Então, temos expectativa que a ferrovia de Cuiabá possa atender essa demanda reprimida”, acrescentou.

De acordo com o diretor da Rumo, faltam duas autorizações de processos administrativos do Governo Federal para que o projeto seja encaminhado. Além da autorização para a construção dos trilhos entre Rondonópolis e Cuiabá e Médio Norte do Mato Grosso, a empresa também pleiteia a licença para realizar mais investimentos na malha paulista. “Por ser muito antiga, com mais de 150 anos, a ferrovia impede que os trens, que saem de Mato Grosso a 80 km/h, circulem em velocidade superior a 20 km/h. Além disso, a malha paulista está limitada a 30 milhões de toneladas ao ano. É algo que precisamos equacionar. É necessário investir para ter boa velocidade e eficiência”.

Penin destacou que para o Sudeste é transportado um volume alto de carnes congeladas, tanto para exportação quanto para o consumo interno, madeira teca, pluma e caroço de algodão e até milho em contêiner para alguns consumos especiais, como para produção de cerveja. No sentido contrário, Rondonópolis recebe 61 tipos diferentes de cargas como bebidas, produtos de limpeza, higiene pessoal, pisos e outros materiais de construção.

O debate foi ontem, na Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt) com mais de 150 lideranças, empresários industriais e do agronegócio, senadores e deputados.

O diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Davi Barreiro, afirmou que recebeu o estudo em abril deste ano. “Agora, vamos avaliar os aspectos econômicos e jurídicos da proposta da Rumo, alinhado com as diretrizes do Ministério, para dar uma resposta sobre a possibilidade ou não dessa extensão indo até Sorriso (420 km da capital) e passando por Cuiabá”, declarou. Sorriso é a capital nacional do agronegócio e está entre os principais produtores nacionais de soja e milho.

O conselheiro emérito da Fiemt, Carlos Antônio Garcia, que conduziu o debate, destacou que é preciso não apenas trazer a ferrovia até Cuiabá, mas também interconectar os trilhos no estado. “Com isso, o estado fica integrado e possibilita uma interoperabilidade das ferrovias, ou seja, um sistema conectado. Isso facilita a industrialização porque vai baratear o transporte, ainda mais agora com a chegada do gás novamente, o que facilitará a abertura de novas indústrias. Seria mais um período de industrialização da região metropolitana de Cuiabá”, avaliou, através da assessoria.