Jornal Nacional

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o Dnit, voltou a fiscalizar o excesso de peso dos caminhões. Essa é uma das principais causas de defeitos nas estradas. Mas os motoristas infratores não vão ser multados. É que só três, dos 55 postos, estão funcionando. E apenas em caráter educativo.

É carga pesada uma atrás da outra. O viaduto treme e o asfalto sofre. “O dimensionamento do piso é feito para suportar uma determinada carga a uma temperatura máxima. Na hora que você excede a carga você soma os fatores e aí a deformação é decorrente do aumento da carga”, explica Osias Baptista Neto, especialista em trânsito.

Armadilhas que põem em risco motoristas e, principalmente, motociclistas. “Se você passar naquilo ali a moto pega de lado e ela sai. Ela te manda longe e você cai pro outro lado”, afirma Paulo Mendanha, funcionário público.

A Polícia Rodoviária federal flagrou quase 18 mil caminhões com carga acima do peso permitido no ano passado. Nesta semana o Dnit reabriu três postos de pesagem: em Goiás, Mato Grosso e Santa Catarina. Eles estavam fechados desde julho de 2014 porque uma ação civil pública do Ministério Público do Trabalho contestava a terceirização de funcionários dos postos.  Por enquanto a fiscalização é educativa… Ou seja, não tem multa pra quem tá rodando irregular.

“Os primeiros 30 dias pra poder conscientizar de você não entrar com carga além do peso, porque isso danifica o pavimento. E aí depois desses trinta dias vamos começar a fazer a autuação”, explica Valter Casimiro Silveira, diretor-geral do DNIT.

O Dnit está prometendo reabrir 12 postos de pesagem no mês que vem, quatro em Minas Gerais. Um deles é o da cidade de Jaguaraçu, na BR-381. Uma estrada com tráfego pesado que, de tanto acidente, ganhou o apelido de rodovia da morte.

“Se parar na frente de um caminhão que está com excesso de peso em determinadas estradas, é parar e morrer”, diz José Natan, presidente do Sindicato Interestadual dos Caminhoneiros.

“O frete é muito baixo aí o que é que muitos companheiros fazem? Botam excesso de peso pra ver se compensa aquela carga”, conta José Leal, motorista.

No estado de Pernambuco, uma das economias mais fortes do Nordeste, duas balanças fixas estão desativadas. O posto da cidade de Caruaru está puro mato. Equipamentos enferrujaram e a caixa de energia virou casa de formiga.

Em Cruz Alta, Rio Grande do Sul, a polícia percebeu queda no movimento de caminhões depois da instalação de uma balança da Secretaria de Fazenda em uma rodovia estadual.
Tem motorista optando por um caminho 50 quilômetros maior, pela BR-285, em Ijuí, onde fica a balança desativada do Dnit.

“Tem um projeto de aumentar o número de postos de balança de pesagem, mas isso depende de voce instalar novas balanças, isso não é uma coisa a curto prazo, mas vamos ampliar esse processo”, garante o diretor-geral do Dnit.

“Aumentar o número de balanças significa fazer com que todos os trechos das rodovias recebam a carga adequada, o que hoje não acontece”, acrescenta o especialista em trânsito, Osias Baptista Neto.