G1
O aeroporto Moussa Tobias, construído entre Bauru e Arealva, é moderno e também foi planejado para o transporte cargas. Ele foi inaugurado há 11 anos e a ideia de transformá-lo num Centro Logístico do estado não “decolou”. E quem precisa de agilidade na entrega de mercadorias sente a falta desse serviço.
A empresa da Paula Zaniratto Giunta já tem cinco anos e as vendas só aumentam. As roupas de ginástica são fabricadas em Bauru e vendidas para o Brasil todo e em mais de 10 países, mas a dificuldade de transporte atrapalha um pouco. Ela depende dos Correios e de outras transportadoras e as mercadorias sempre demoram para chegar até o cliente. “Além da demora para chegar até lá, tem a falta de qualidade no atendimento, já tivemos casos de extraviar caixas e tivemos que reembolsar o cliente”, afirma a empresária.
Se existisse um centro de distribuição, Paula e outros empresários poderiam vender mais e aumentar a renda. O aeroporto de Bauru seria a ferramenta ideal para o progresso da região. “A estrutura foi pensada nisso, quando foi discutida a localização desse aeroporto lá trás a ideia é que ele fosse internacional. Falava-se na época de um aeroporto que tivesse a função aduaneira, o porto seco como chamamos”, explica o economista Reinaldo Cafeo.
Segundo o coordenador do grupo de comércio exterior do Ciesp, a falta de opção para o transporte de mercadorias e matéria prima eleva o custo de produção. “O custo para escoamento tanto para a exportação como para mercado interno, no caso, o desembaraço das zonas primárias é muito alto, porque dependemos basicamente de transporte rodoviário”, destaca Gerson Mori, coordenador grupo de comércio exterior do Ciesp.
De todos os aeroportos administrados pelo Departamento Aeroviário do Estado, o de Bauru lidera o ranking de cargas domésticas. É um aeroporto moderno, com amplo terminal de passageiros, pátio de manutenção das aeronaves, pista de manobras e embarque/desembarque simultâneo de até sete aviões. Foi planejado justamente para ser um importante centro logístico do estado de São Paulo. Um potencial que nunca foi explorado.
Por semana, são realizados 31 voos para Marília, Campinas, São Paulo e Brasília. Mas, o número de passageiros caiu de 143 mil em 2015 para pouco mais de 136 mil em 2016. Em fevereiro do ano passado, o Daesp, que administra o aeroporto, abriu uma licitação para implantar um centro logístico no local, para armazenar cargas que chegam pelos aviões e pela rodovia, mas nenhuma empresa se interessou pelo projeto, que ainda está disponível.
“Se Bauru ficou conhecida como um grande entroncamento rodoferroviário, agora precisa ser conhecida como rodo-ferroviário-hidroviário e aeroviário e quando isso for viabilizado do ponto de vista de estrutura, eu tenho certeza que o meio empresarial vai acabar respondendo e vai acabar atendendo às parcerias público-privado e eventualmene uma concessão”, completa o economista.