Estradas ruins fazem agricultores de MT pagarem mais para escoar grãos

G1

Escoar os grãos pelo trecho de 100 km de estrada de chão da MT-358 tem sido um desafio para os produtores rurais da região de Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá. Por causa das más condições na pista e dos atoleiros em consequência das últimas chuvas, os caminhoneiros têm cobrado mais caro para transportar os grãos produzidos. O preço, segundo eles, tem relação com a dificuldade para trafegar no trecho.

De acordo com a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística (Sinfra), foram realizadas manutenção nas rodovias não pavimentadas do estado, inclusive na região de Tangará da Serra. Ainda segundo o órgão, no período chuvoso patrulhas devem atuar de forma emergencial nos possíveis atoleiros.

O caminhoneiro Juarez Zambone se arriscou a fazer o trajeto. Depois de ficar dois dias atolado em um trecho da rodovia, ele tenta retirar o barro dos pneus do caminhão. Há seis anos, ele transporta grãos produzidos nas  fazendas da região. Segundo ele, na época em que a chuva não cessa, ficar atolado na rodovia é quase certo.

Custo do frete encareceu e, mesmo com reajuste, caminhoneiros ainda rejeitam serviço (Foto: Reprodução/ TVCA)
Custo do frete encareceu e, mesmo com reajuste, caminhoneiros ainda rejeitam serviço (Foto: Reprodução/ TVCA)

“A maioria atola. Não tem como evitar. E, se conseguir evitar, o companheiro fica atolado e você não passa”, conta.

No entanto, a produção precisa ser transportada. Os motoristas que resolvem se arriscar na região acabam cobrando um preço maior pelo frete. Em relação ao custo, o custo normal passou de R$ 30 para R$ 45 por tonelada.

André Ricardo Silva, que é gerente de uma propriedade rural, diz que não vê outra alternativa se não pagar o valor cobrado. “O armazenamento na região é limitado. E, se não consegue escoar,  a soja acaba ficando ‘ardendo’ na roça”, afirma.

Há poucos metros do caminhão de Juarez, outro veículo está parado. O motorista Fábio Fernandes fazia o primeiro frete na região e já teve prejuízos logo no início. “Não vale a pena voltar aqui [na região]. E, se não melhorar, nenhum caminhoneiro vai querer voltar”, afirma.

Lucas Farias também é caminhoneiro. Já fez o trajeto outras vezes e preferiu não se arriscar devido às condições da pista. Segundo ele, a viagem não vale a pena. “É pneu que corta, calota que quebra, lanterna que vai embora, mola que torce. No final das contas, não compensa”, avalia.

Em uma fazenda da região, Isaías Henrique Neves monitora o clima para poder liberar os caminhões carregados com a soja produzida. Segundo ele, na propriedade mil hectares ainda não foram colhidos porque não há escoamento.

“Ninguém quer vir para cá”, argumenta, completando que sabendo das condições da pista, os caminhoneiros desistem da viagem. “Tem gente que vem e fica com a família quase uma semana sofrendo na estrada. Do jeito que está, ninguém vem mesmo”, afirmou.