Motoristas de Goiânia e de várias cidades do interior enfrentam longas filas para abastecer em postos na tentativa de encher o tanque antes que os combustíveis acabem. Em muitos estabelecimentos, o etanol e a gasolina se esgotaram devido ao protesto de motoristas, caminhoneiros e sindicatos que bloqueia a porta de distribuidoras de Goiânia e Senador Canedo desde segunda-feira (13). Além da espera, os clientes enfrentam altos preços no litro da gasolina, que chega a R$ 4,99.

postoSegundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), até a tarde de terça-feira (14), ao menos 10 cidades estavam sem algum tipo de combustível. Em outras duas, não há gasolina nem etanol em nenhum estabelecimento. Na capital, cerca de 60 postos enfrentam algum tipo de desabastecimento.

De acordo com o representante do Sindiposto, Antônio Carlos de Lima, em todo o estado há 1.620 postos de combustíveis. Ele não dizer exatamente quantos estão enfrentando o problema, mas listou algumas cidades com desabastecimento.

“Há falta de combustíveis em cidades como Inhumas, Piracanjuba, Rio Quente, Firminópolis, Caldas Novas”, disse ao G1.

Transtornos

Um morador de Anicuns, na região central do estado, enviou um vídeo que mostra diversos veículos parados esperando para abastecer (veja acima). A fila estava dando a volta no quarteirão do posto. Em Caiapônia, na região sudoeste, dezenas de veículos também esperavam na rua. O congestionamento que se estendeu por várias quadras atrapalhou o trânsito na cidade.

Já em Jataí, no sudoeste do estado, alguns condutores esperaram até de madrugada na fila para conseguir abastecer. Na cidade, muitos postos já estão sem combustíveis. O preço da gasolina em alguns locais chefga a R$ 4,67.

Em Minaçu, no norte goiano, a situação é diferente. A cidade ainda não tem falta de combustível, mas o litro de gasolina é vendido a R$ 4,94, e do etanol a R$ 3,74. Já em Aparecida de Goiânia, tem posto cobrando ainda mais caro pela gasolina: R$ 4,99.

Ação contra os postos

Por causa do preço do etanol, a Superintendência Estadual de Proteção aos Direitos do Consumidor (Procon-GO) propôs uma ação contra 60 postos de combustíveis suspeitos de aumento abusivo no valor do combustível. Segundo o órgão, alguns estabelecimentos tiveram lucro de até 120% em Goiânia.

O reajuste também influencia no valor da gasolina.“A elevação do etanol sem justa causa está mantendo o preço da gasolina do jeito que está, elevado desta forma por falta de opção do consumidor de buscar o outro combustível”, afirma a superintende do Procon-GO, Darlene Araújo.

A Polícia Civil está investigando a formação de cartel entre postos de combustíveis de Goiânia. Segundo a corporação, o processo está em andamento na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor. O Procon também acredita nessa prática.

Protesto

O protesto começou por volta das 5h de segunda-feira. O grupo é formado por motoristas, caminhoneiros, mototaxistas, taxistas e motoristas de aplicativos. Os manifestantes se reuniram em frente ao estacionamento do Estádio Serra Dourada e seguiram pela GO-020 até a porta das distribuidoras em Senador Canedo.

Os manifestantes reclamam do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é de 30% para a gasolina e de 25% para o etanol. Eles também protestam contra a prática de cartel entre os postos, padronizando os preços. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), Goiânia tem o valor médio do litro da gasolina mais caro do país.

Em nota divulgada na segunda-feira (13), a Secretaria da Fazenda negou que o aumento dos preços ocorreu por causa do ICMS cobrado dos postos. “Embora a alíquota do ICMS de combustível seja aparentemente elevada, ela está em linha com a tributação que diversos estados brasileiros praticam. Grande parte deles cobra entre 25% e 31%”.

Ainda de acordo com a secretaria, a “última alteração da alíquota de gasolina fará dois anos em janeiro, que passou de 27% para 28%, mais os 2% de contribuição do Fundo Protege. De lá para cá, no entanto, vários aumentos de preços foram repassados ao consumidor. Além disso, existem diversos benefícios fiscais que diminuem a carga tributária do etanol (25%), diesel (16%) e etanol anidro (que é misturado à gasolina). No caso do etanol, a maioria das usinas também tem o benefício somado do Produzir, resultando em carga tributária real entre 9% e 11%.”

O representante do Sindiposto afirma que não existe essa prática criminosa no setor. “Para ter cartel, tem que ter combinação prévia, dolosa e com fim de manipular mercado. Até hoje nenhum dono de posto foi condenado por cartel no estado de Goiás. Na Justiça não se prova a combinação prévia, dolosa e com fim de manipular mercado”, justificou Lima.