G1
O Governo de Goiás vai terceirizar cerca de 600 km de rodovias estaduais. A medida é criticada por moradores que vivem nos perímetros urbanos dessas estradas e por motoristas. A expectativa é que comece a ser cobrado pedágio nos trechos a partir de 2018. O objeito é economizar quase R$ 40 milhões por ano com manutenção.
O presidente da Agência Goiana de Transporte e Obras (Agetop), Jayme Rincón, explicou que será feito um único processo de licitação para passar a administração e manutenção de cinco estradas para a iniciativa privada. Os trechos são: GO-020 entre Goiânia e Cristianópolis, podendo ser extendido até Catalão; GO-080 entre Goiânia e São Francisco de Goiás; GO-070 entre Goiânia e cidade de Goiás; GO-060 entre Goiânia e São Luís de Montes Belos; GO-213 entre Morrinhos e Caldas Novas.
“A licitação concede a malha viária duplicada. A empresa que assumir fica encarregada de terminar e ampliar à medida que for necessária a duplicação das pistas, de acordo com a intensidade do tráfego na região”, explicou Rincón.
A licitação prevê que a empresa escolhida terá a concessão das rodovias por 30 anos, explorando pedágios que terão valor unificado. O projeto prevê uma praça de cobrança a cada 50 km.
“Vai ganhar a empresa que oferecer o menor valor do pedágio. Com isso, ela passa a cuidar da manutenção da rodovia e pode explorar através do pedágio. A empresa não vai repassar nenhum recurso para o estado, mas a economia anual para os cofres será de cerca de R$ 60 mil por quilômetro”, disse o presidente da Agetop.
Rincón afirma que a terceirização das rodovias vai ser benéfica para todos. “No mundo todo as rodovias são pedagiadas. Isso garante uma melhora substancial na qualidade do serviço prestado, garantia de guincho, telefone, atendimento aos motoristas feito pela empresa, além de uma maior agilidade na manutenção”, explicou.
Críticas
Apesar da garantia de melhorias, moradores do perímetro urbano da GO-080 e motoristas criticam a terceirização das estradas. Os principais argumentos são o impacto no bolso que a medida pode provocar e o fato de que os trechos selecionados para a privatização já estão em boas condições.
“O governo gasta para arrumar, duplicar tudo e, quando está pronto, dá para a concessionária administrar sem ter custo nenhum porque ela está toda prontinha, arrumadinha. Não sou a favor de pedágio de jeito nenhum. Só é feito privatização em trecho que está bom. Os que estão ruins, esburacados, precisando ser arrumados, esses o governo não leiloa para as empresas arrumarem e depois colocarem o pedágio”, disse o caminhoneiro Gentil Alves Filho, de 58 anos.
O caminhoneiro mora no bairro Goiânia 2, na capital, e cruza a rodovia constantemente fazendo fretes. Para ele, tarifas a mais significam prejuízos no bolso. “O valor do frete já está defasado, é R$ 235 a tonelada. E o pedágio eu tenho que tirar do meu próprio bolso, pois a empresa não paga. Então, diminui ainda mais o valor que eu ganho”, contou.
A GO-080 corta a cidade de Nerópolis, na Região Metropolitana de Goiânia. A comerciante Maria Gleiciele Pereira do Nascimento, de 26 anos, é dona de um mercado às margens da rodovia e se diz preocupada com a terceirização do trecho.
“Ainda não sabemos onde vai ter a praça de pedágio, mas metade da cidade trabalha em Goiânia ou outras cidades. Então, isso é um custo maior para todo mundo, que vai ter de pagar todo dia para ir e voltar do trabalho”, contou.
Por fim, a rodovia também funciona como uma rota alternativa para transitar sem pagar o pedágio cobrado na BR-060. “Com a privatização desse trecho que passa por Nerópolis, talvez eu não tenha nem mais para onde correr para fugir dessa cobrança”, reclamou o motorista Caetano Júnior.
Estrada em bom estado
O G1 percorrou a GO-080 no trecho que será terceirizado. A pista está em bom estado de conservação e duplicada desde a capital até Damolândia. A partir de então, a pista é simples.
O fluxo de veículos de carga é constante, o que, em alguns momentos, deixa o trânsito lento. Além disso, funcionários da Agetop faziam serviço de manutenção na pista em um trecho próximo a Nerópolis, tapando buracos na rodovia.
Apesar disso, existem problemas na sinalização da rodovia. Apenas o início dela, em Goiânia, tem postes de iluminação. Em grande parte do trecho, o mato alto atrapalha a visibilidade das placas, que estão na maioria das vezes parcial ou totalmente apagadas.
A Agetop informou que os serviços de conservação na GO-080 são realizados constantemente e que a roçagem deve ser feita nos próximos 15 dias. Sobre as placas apagadas, o órgão explicou que elas serão substituidas assim que as obras de duplicação no trecho forem concluídas.