SÃO PAULO (Reuters) – A quebra da principal safra de milho do país em 2015/16 reduziu o fluxo de caminhões para os portos e provocou um aumento nos custos de frete para o transporte de fertilizantes às vésperas do plantio da nova temporada, disse nesta segunda-feira o diretor-presidente da Fertilizantes Heringer, Dalton Carlos Heringer.
“As entregas estão acontecendo, mas o frete subiu muito”, disse o empresário à Reuters, nos bastidores de um congresso do setor, em São Paulo.
A Heringer distribui cerca de 5 milhões de toneladas de fertilizantes no Brasil por ano, respondendo por pouco mais de 15 por cento do mercado brasileiro.
Segundo ele, há estimativas de que o frete para entrega de fertilizantes está 15 a 20 por cento mais caro do que 12 meses atrás, em dólares, o que está impactando negócios residuais para a colheita de verão 2016/17 e também para a safra de inverno de milho, que responde pelo maior volume colhido do cereal no país.
Em geral, o setor agrícola conta com o grande fluxo de caminhões carregados com grãos para as regiões portuárias para gerar fretes de retorno relativamente baratos para levar os fertilizantes para as áreas de plantio.
Em 2016, contudo, adversidades climáticas em algumas das principais regiões produtoras frustraram as expectativas de uma grande safra de milho, que está em fase final de colheita, ao mesmo tempo que muito produtores preparam os lotes para a semeadura da nova safra de soja, a partir de setembro e outubro.
Segundo Heringer, os valores mais altos de frete –um custo para o qual não há mecanismos de travamento antecipado de preços– acabam sendo assumidos em parte pelos produtores e em parte pelas indústrias, dependendo do modelo de negócio.
O executivo afirmou ainda que os novos patamares de preço de frete já se refletem nas vendas fechadas atualmente para o fornecimento de fertilizantes para a segunda safra de milho de 2016/17, que será semeada no primeiro semestre do ano que vem.
“Tem que precificar (o fertilizante) nessa nova realidade”, comentou, acrescentando que negócios residuais para entrega de fertilizantes ainda para o plantio de verão 2016/17 também estão sofrendo a influência dos preços elevados de frete.
RECUPERAÇÃO EM 2016
Heringer, que lidera uma das três maiores empresas brasileiras de fertilizantes, fundada por seu pai, estima que 2016 verá uma recuperação no volume de vendas do setor para um patamar semelhante ao recorde registrado em 2014.
Nos sete primeiros meses do ano, as empresas de fertilizantes já entregaram 16,5 milhões de toneladas de fertilizantes aos produtores, alta de 10,4 por cento ante mesmo período em 2015 e volume ligeiramente superior ao período em 2014, que fechou com um recorde de entregas de 32,2 milhões de toneladas.
“Não vamos ter um segundo ano de queda”, disse o executivo.
“Está havendo uma recuperação impulsionada pelos preços (de fertilizantes) que caíram em dólares. É uma combinação de fatores que levou o produtor a fixar (contratar)”, analisou Heringer, destacando o bom volume de negócios fechados no primeiro semestre deste ano, com ajuda também dos bons preços de grãos.
Ele lembrou ainda que a recuperação dos preços de açúcar, que tem garantido boa rentabilidade para as usinas do centro-sul, é outro fator que contribui para uma recuperação do setor de fertilizantes este ano.