Do G1 Campinas e Região
De acordo com um balanço divulgado pelo Governo do Estado de São Paulo, o mês de julho foi o mais violento nas estradas da região de Campinas (SP) em 2016, com 111 mortes em acidentes.
O número registrado em julho deste ano representa um aumento de 76% em relação aos casos no mesmo período de 2015, quando 63 pessoas morreram em rodovias da região. Segundo o especialista em segurança de trânsito Rogério Alves, em dias com pouco movimento o número de mortes nas estradas pode crescer.
Para ele, o fato da via ter menor ocupação leva conforto e segurança ao motorista, o que cria um perigo. “Principalmente na cidade. Em alta velocidade, qualquer interferência de um cachorro, uma pessoa ou um carro que entre sem dar seta, já é motivo para ser indutor de um acidente”, conta Rogério.
Alguns fatores podem explicar a quantidade de mortes nas estradas da região, segundo Rogério. “Neste julho de 2016, tivemos cinco finais de semana. Aos finais de semana, infelizmente, as pessoas ingerem bebidas alcoólicas”, diz o especialista, que também lembrou o fato de ser um mês de férias escolares.
Como terceiro fator do alto número de vítimas, está a quantidade de acidentes envolvendo ciclistas em rodovias, segundo Rogério. “Por falta de outras opções, ciclistas que treinam acabam usando a rodovia. Quando há um descuido, infelizmente leva a uma vítima. Esses três fatores justificam”, diz Rogério.
Acidentes em julho
No dia 10 de julho, três amigos seguiam de Mogi Mirim (SP) à Limeira, quando se envolveram em um acidente com uma caminhonete. A suspeita é de que o condutor do veículo em que estavam os amigos estava embriagado, pois foram encontradas bebidas alcoólicas dentro do carro após o acidente. Uma pessoa morreu no local.
No dia 16, um grave acidente envolvendo dois carros e uma moto na SP-346, próximo a Santo Antônio do Jardim (SP), causou três mortes e deixou quatro pessoas feridas. O motorista de um veículo tentou desviar de uma moto caída na pista, entrou na contramão e bateu de frente com outro carro. Uma menina de cinco anos e o tio dela, de 40 anos, que estavam no veículo atingido, morreram no acidente. A mulher que dirigia a moto que estava caída na pista, de 40 anos, também morreu.
Modelo desaparecida
O caso com maior repercussão nas rodovias da região durante o mês de julho foi o da modelo Aline Furlan, que teria sofrido um acidente na noite de 14 de julho na Rodovia Luiz de Queiroz (SP-304). A jovem foi encontrada morta 17 dias depois, em Piracicaba (SP).
Aline foi vista pela última vez ao sair de um bar em Piracicaba. De acordo com a Polícia Civil, ela seguiu sozinha para a rodovia, onde teria sofrido o acidente. Durante dias, a Polícia Militar procurou pela jovem, inclusive sobrevoando a região com o Helicóptero Águia.
Segundo a Polícia Civil, Aline dirigiu embriaga pela rodovia. A melhor amiga da jovem, Marieli Cavalari, conta que ela costumava ingerir bebida alcoólica e dirigir aos finais de semana. “Mas ela era prudente, ela não era inconsequente no trânsito de forma alguma”, conta Marieli.
Para ela, o caso poderia ter sido evitado se houvesse maior segurança na rodovia. “Eu acredito que onde ela sofreu o acidente, se tivesse alguma proteção na pista, ela não teria caído na ribanceira. Às vezes, eu acredito que as rodovias não ajudam muito”, diz a amiga.
“Não foi um simples acidente de trânsito, foi mais o sumiço dela, angústia de não saber onde ela estava. Até o último segundo, todo mundo tinha esperança de que ela estivesse viva”, conta Marieli.
De acordo com o laudo divulgado pelo Instituto Médico Legal (IML), Aline Furlan teria misturado remédios antidepressivos com bebida alcoólica no dia do acidente.