O número de roubos de cargas nas estradas que cortam o Grande ABC deu salto significativo em outubro. Estatísticas oficiais mostram que o volume de ocorrências mais que dobrou nos últimos 30 dias quando comparado ao de mês mais tranquilo, como janeiro. Autoridades informam que a proximidade do Natal, quando produtos mais valiosos circulam pelas rodovias do País, desperta a sanha dos bandidos. A questão é: se o aumento das ações criminosas já é esperado, por que não se desenvolvem ações específicas capazes de contê-las?
A verdade é que pouco se faz para tornar mais seguro o transporte de mercadorias pela via rodoviária. As operações implantadas pela Polícia Militar e os investimentos em equipamentos feitos pelas concessionárias se mostram insuficientes para enfrentar a ousadia dos criminosos. O Estado e o bem estão perdendo a batalha pela manutenção da ordem nas estradas.
Necessário lembrar que a insegurança nas rodovias não causa problemas apenas para os envolvidos no setor de logística. O impacto é gigantesco e generalizado. Atinge, inclusive, o cidadão comum, obrigado a pagar mais caro pelo produto eletrônico, por exemplo, porque o preço da viagem do item, da fábrica até a prateleira da loja do shopping, foi acrescido do risco de transporte, como o seguro extra, a escolta, a rota alternativa mais longa e menos visada pela bandidagem.
Polícia Militar Rodoviária e concessionárias que administram as rodovias do Brasil, e que ganham muito dinheiro com tarifas de pedágio cada vez mais abusivas, têm a obrigação de garantir a segurança das cargas. E não basta posicionar agentes em locais mais visados nem instalar câmeras de vídeo nos trechos considerados mais perigosos. Ladrões não têm escritório fixo para praticar suas ações. É preciso agir com inteligência. Até porque, muitas vezes, o foco do problema não está nas rodovias, mas muito longe dali, nos pontos de receptação e revenda dos produtos roubados. Ou não?
Diário do Grande ABC