G1
As rodovias que cortam Pernambuco apresentam hoje mais problemas do que no ano passado. Divulgada na quarta-feira (26), a 20ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias constatou que, dos 3.136 quilômetros de vias estaduais e federais do estado, 57,9% aparecem em condição regular, ruim ou péssima. Em 2015, o mesmo levantamento identificou 53,1% das rodovias nesta situação.
O estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) avaliou as rodovias estaduais e federais de todo o país considerando a geometria das vias e as condições do pavimento e da sinalização. Em Pernambuco, foram 34 rodovias e ligações de rodovias. Entre as federais, a BR-101, que corta a Região Metropolitana do Recife e o litoral do Estado, passando por áreas de grande movimentação urbana, recebeu classificação regular. Já entre as estaduais sete foram consideradas péssimas, entre elas a ligação PE-082 com a BR-408, em Timbaúba, na Mata Norte.
Uma variável em que o estado apresentou grande piora foi sinalização. O principal fator foi o estado da pintura das faixas laterais e central das vias. Em 2015, 75,2% das faixas centrais estavam visíveis. Este ano, apenas em 50,9% das vias esta sinalização aparece em perfeitas condições. Quanto às faixas laterais, que definem o fim do pavimento e o limite com o acostamento, em menos da metade da malha rodoviária essa pintura está em dia. Foram 41,6% este ano contra 62,1% registrados no ano passado.
“Às vezes são intervenções simples, baratas, mas muito necessárias, que comprometem muito a segurança e o desempenho de quem dirige na rodovia”, avalia o coordenador de estatística e pesquisa da CNT, Jefferson Cristiano.
Em entrevista ao G1, Jefferson explicou que a geometria da via está relacionada à própria história de construção das rodovias. Em Pernambuco, 84,7% das rodovias são pistas simples de mão dupla, ou seja, tem apenas uma faixa para cada sentido. “São antigas, a maioria foi construída na década de 1970 e não acompanhou a evolução do fluxo de veículos. Essa é uma questão de nível nacional, não só de Pernambuco”, destaca.
Rodovias estreitas, entretanto, não representam necessariamente um problema. “Isso não indica que toda rodovia deve ser duplicada. Ela pode ser considerada ótima ou boa desde que outros critérios estejam presentes, como o perfil da via, se está em terreno plano, ondulado ou montanhoso, se foi identificada a presença de faixas adicionais onde forem necessárias, entre outros. Se há curvas perigosas, deve haver uma sinalização reforçada para reduzir o risco de acidentes”, esclarece Jefferson.
O pavimento foi a única variável em que Pernambuco apresentou uma leve melhora em comparação com os dados de 2015, saindo de 55,9% das estradas classificadas como bom ou ótimo para 59,7% em 2016. No entanto, o número de pontos críticos aumentou consideravelmente: eram apenas duas áreas com erosão na via e, agora, foram contabilizados 15 pontos críticos, sendo 14 com buracos grandes na pista e um apresentando erosão.
Para Jefferson Cristiano, A má qualidade das rodovias é reflexo de um histórico de baixos investimentos em infraestrutura rodoviária. “Em 2015, foram investidos R$ 5,95 bilhões em estrutura rodoviária. Esse valor é quase a metade do que o país gastou com acidentes apenas na malha federal, que foi R$ 11,15 bilhões. A máxima de que o mal não está sendo prevenido, apenas remediado”, lamentou o coordenador.
Para resolver todos os problemas da malha rodoviária em Pernambuco, a CNT estima que são necessários R$ 1,53 bilhão, que seriam investidos em reconstrução, restauração e manutenção. Além disso, o estado precisaria investir R$ 180 milhões para conservação das pistas simples de mão dupla, de acordo com Jefferson Cristiano.