Projeto de Lei (PL) 3.267/2019, que pretende modificar regras de trânsito do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) — e que foi entregue pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), nesta terça-feira (dia 4) — inclui a proposta de que não seja mais obrigatória a realização do exame toxicológico para motoristas profissionais. A ideia, porém, já causa polêmica.

A Associação dos Magistrados do Trabalho do Rio de Janeiro (Amatra1) criticou esse trecho do projeto, afirmando não haver qualquer justificativa para a extinção do exame, diante dos benefícios para a sociedade em geral. Em nota, a entidade afirmou que a medida é um retrocesso social:

“Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal, o exame toxicológico reduziu os acidentes com motoristas de ônibus em 45% e de caminhão em 34%”.

Ainda de acordo com a entidade, a exigência do exame representou, nos dois primeiros anos de sua obrigatoriedade, a redução de 20 mil mortes na região Sudeste e de 12 mil na região Sul.

“A manutenção do exame toxicológico é medida fundamental de proteção da vida, aí incluídos todos os profissionais de trânsito, trabalhadores submetidos a extensas e desgastantes jornadas de trabalho, sem cujo exame estarão expostos ao uso de estimulantes psicotrópicos, por necessidade de manutenção de seus postos de trabalho”.

A associação é ainda mais dura na crítica: “É medida de enorme retrocesso social, deixando os trabalhadores do trânsito à própria sorte, sem fiscalização do Estado, e os cidadãos expostos a graves e iminentes riscos de acidente”.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati), Eduardo Tude de Melo, garante que, independemente do projeto do Executivo sugerir o fim da obrigatoriedade do exame toxicológico para motoristas profissionais, asempresas associadas vão manter a realização dos testes, pensando na segurança do passageiro e na qualidade de vida do profissionalque conduz o ônibus:

— Achamos o exame de extrema importância. Além disso, exigimos que o motorista faça o teste do bafômetro diariamente, antes de iniciar a viagem e logo após o término. Temos ainda um programa extenso de atenção ao motorista, como alguns específicos de qualidade do sono, de acompanhamento nutricional, físico e outros.