Excesso de velocidade, ingestão de bebida alcoólica e desatenção ao volante são as principais causas, dizem especialistas.
Em três meses, 14 pessoas morreram e 266 ficaram feridas em acidentes em Ribeirão Preto (SP), segundo dados do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga).
Em meio à campanha de conscientização por um trânsito mais seguro no Maio Amarelo, os números preocupam especialistas como o gerente de educação de trânsito da Transerp, Delcides Araújo.
Segundo ele, as ocorrências estão diretamente ligadas ao excesso de velocidade, à ingestão de bebida alcoólica e à desatenção, principalmente a associada ao uso do telefone celular.
“Os que mais se envolvem em acidentes aqui em Ribeirão Preto são os motociclistas. Até por conta da dinâmica do veículo mais ágil, mais rápido, ele se envolve mais em acidentes. A atenção do condutor tem que ser tanto na direção dele e de terceiros também para evitar uma situação de risco”, explica.
Avenida Costa e Silva registrou o maior número de acidentes do mortes em Ribeirão Preto, SP — Foto: Cláudio Oliveira/EPTV
Uma das vítimas do trânsito de Ribeirão é o jardineiro Aurélio Nascimento que há um ano foi atingido e arrastado por um caminhão na Avenida Brasil enquanto seguia de bicicleta para o trabalho.
“Na hora você não pensa que pode ser atropelado. Fiquei em casa afastado, único dinheiro que tinha eu gastei, precisei de ajuda de um amigo. É difícil trabalhar como antes, meu trabalho rendia mais e agora não consigo fazer o mesmo serviço”, diz.
Imprudência
O número de mortes no primeiro trimestre em Ribeirão corresponde a 16% de 2018, quando houve 83 casos. Entre 2015 e 2017, a média anual de pessoas que morreram nas ruas da cidade se manteve em 96. Com isso, a cidade foi listada entre as cinco do Estado com maior mortalidade no trânsito no Estado.
Instrutor do Serviço Nacional do Transporte (Sest) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), Rogério Castro vê uma piora no comportamento dos motoristas. A quantidade de multas aplicadas na cidade não deixa dúvidas. Em todo o ano passado foram 153,8 mil autuações. No primeiro trimestre de 2019 já são 33,5 mil.
“Quando tiro a atenção do trânsito para dar atenção a outra coisa, perco a chance de reação. Se algo acontecer, não tenho esse tempo para reagir, para o veículo ou desviar para evitar um acidente. O limite de velocidade existe para que, caso aconteça alguma coisa, o motorista tenha tempo de reação. Quando se está com excesso de velocidade, perde esse tempo e a consequência desse acidente é maior”, diz.
Castro reconhece, no entanto, que a má conservação das ruas ajuda nas estatísticas. “A condição da via é importante. Questão de buraco, principalmente para motocicleta, pode causar um acidente e até um desvio do buraco pode causar.”