Correio do Norte
Atualmente, Santa Catarina é um dos poucos Estados brasileiros que não tem cobrança de pedágio em suas rodovias – a não ser federais. Mas isso pode mudar a partir do ano que vem, conforme explicou o secretário de infraestrutura, João Carlos Ecker, na manhã desta segunda-feira, em um evento na sede da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), em Florianópolis.
Concessionar rodovias estaduais e rever as taxas das federais já concessionadas também foi uma sugestão da Federação após apresentar um estudo detalhado da malha rodoviária catarinense, realizado em parceria com o CREA/SC, que faz parte da Agenda Estratégica da Indústria para Infraestrutura de Transporte e a Logística Catarinense 2017.
O trabalho mostrou que o montante total médio dos recursos alocados para as regiões analisadas − R$ 4.717,10 por quilômetro – não permite a realização de obras de preservação, reforços de base, fresagens da capa asfáltica, microrrevestimentos, recuperações de obras de artes especiais (como pontes e viadutos, por exemplo) e sinalizações. “A malha estadual exige investimentos mais robustos que garantam uma solução definitiva para os problemas existentes, assim como um planejamento adequado à manutenção corretiva, preventiva e rotineira”, recomenda o trabalho.
“Temos, hoje, 6 mil quilômetros de estradas estaduais. Destes, 4,6 mil são asfaltados e 2,2 mil estão em obras. O Pacto por Santa Catarina está recuperando e pavimentando 35% deste montante. Cerca de 1,5 mil quilômetros poderão ser concessionados a partir do ano que vem”, explicou o secretário de Infraestrutura, que também defende a criação de um fundo pra obras de manutenção das estradas.
“O problema é que as rodovias estaduais são de interligação. As grandes artérias são de estradas federais, são as que despertam interesse da iniciativa privada”, ponderou o deputado federal Mauro Mariani, que integra bancada catarinense em Brasília.
O deputado federal Espiridião Amin declarou que, “se a decisão for por instalar novas praças de pedágio, trataremos da modicidade”, ou seja, dos valores a serem cobrados e serviços a serem prestados.
Para a FIESC, o pedágio deve ser resultado de uma equação na qual o usuário tenha a nítida sensação de que o benefício obtido na maior eficiência e segurança supere o seu dispêndio, e que o investidor tenha retorno.
“Como o modal rodoviário é o maior responsável pelo transporte de cargas e pessoas em Santa Catarina, o aumento da competitividade também está diretamente ligado aos custos operacionais dos transportadores”, avaliou o engenheiro Ricardo Saporiti, consultor que apresentou a “Análise Expedita de Rodovias Estaduais Regionais Estratégicas”, durante o evento.
Zero investimento em Ferrovias
Uma análise mais aprofundada da FIESC que acompanha o andamento de 58 obras estaduais e federais nas áreas aeroviária, aquaviária, ferroviária e rodoviária, mostra que 60,4 % delas estão atrasadas. Destas, as ferroviárias tiveram zero % de investimento nos últimos 10 anos. E que, para cada US$ 1 dólar não gasto com a devida manutenção de uma estrada, entre US$ 2,5 dólares e US$ 4 dólares são gastos futuramente para a recuperação da mesma via. “Isso sem cotar as vidas que estão em risco quando as estradas são ruins”, destacou o 1° vice-presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar.
“Temos um estudo que mostra que o atraso nos primeiros cinco anos na obra da BR-101 sentido Sul acarretou em um prejuízo da ordem de R$ 30 bilhões. A maior parte das obras rodoviárias do governo Federal em Santa Catarina estão atrasadas ou paralisadas. Infelizmente o investimento nas ferrovias foi zero, nos últimos anos!”, lamentou o presidente da FIESC, Glauco José Côrte.
Exemplos de obras atrasadas em SC
– Contornos Ferroviários de Joinville, Jaraguá do Sul e São Francisco do Sul – 10 anos paralisados.
– BR 101(SC) trecho Sul, com 350 Km, duplicação iniciada em 2005 , ainda não terminada – 11 anos em construção
– Ponte Hercílio Luz: interditada em 1992, inicio da revitalização em 2006 – 10 anos
– Aeroporto Hercílio Luz: entrega da obra prevista para 2008 – 8 anos de atraso
– Duplicação da BR 470 desde 1990 exige ampliação de capacidade – 16 anos e sem perspectivas de concretização
– Via Expressa Portuária de Itajaí: sem previsão de término e com entraves – 12 anos.
– Ferrovias Litorânea e Corredor Leste-Oeste SC: Primeiros projetos finalizados em 2001, novos projetos em andamento, e sem perspectivas de entrega (os projetos): 14 anos e sem perspectivas