Transporte aéreo de carga cresce 6,8%

A demanda mundial por transporte aéreo de cargas, medida em toneladas-quilômetro (FTK, na sigla em inglês), aumentou 6,8% em fevereiro ante igual mês de 2017, informou a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo). Ajustando os dados por potenciais distorções provocadas pelo Ano-novo chinês e combinando os crescimentos de janeiro e fevereiro, o indicador mostrou alta de 7,7%, configurando o melhor começo de ano desde 2015.

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Já a oferta global por transporte aéreo de cargas, apurada em toneladas-quilômetro disponíveis (AFTK, na sigla em inglês), subiu 5,6% na base anual em fevereiro. “O crescimento da demanda superou o da capacidade pelo 19º mês consecutivo, o que é positivo para os yields das aéreas e para o desempenho financeiro da indústria”, aponta a Iata, em nota.

Contudo, a associação destaca que, apesar do forte avanço dos indicadores, o transporte aéreo de cargas pode enfrentar alguns desafios em 2018. A Iata cita, por exemplo, a eventual escalada das medidas protecionistas para uma guerra comercial entre países.

Além disso, a avaliação é de que o melhor momento da retomada do transporte aéreo de cargas pode já ter ficado para trás. Um sinal disso são os drivers da demanda do segmento – como o PMI (índice de gerentes de compras, para manufaturas e pedidos para exportação) -, que já têm se afastado dos níveis observados no ano passado.

Na abertura por regiões, todas mostraram aumento da demanda global por transporte aéreo de carga durante o mês de fevereiro. Na América Latina, o indicador mostrou aumento de 8,7% em fevereiro, enquanto a capacidade subiu 6,9%, ambas as comparações na base anual.

De acordo com a Iata, o movimento de retomada nos últimos 18 meses reflete os sinais de recuperação no Brasil, maior economia da região. Apesar dos dados positivos em nível global, o modal aéreo ainda é subutilizado no Brasil. Segundo dados da Infraero, nos dois primeiros meses do ano, a Rede Teca (Terminais de Carga) movimentou 13.059 toneladas em mercadorias.

As principais rotas são via o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP), e Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), que não fazem parte da Rede Teca. No Paraná, as movimentações de mercadorias via aérea estão concentradas no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, que no acumulado do ano registrou 2.813,9 toneladas movimentadas.

De acordo com o presidente da Fetranspar (Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Paraná), Sérgio Malucelli, o Paraná está atrasado no quesito transporte aéreo de carga. O fomento do modal, na avaliação dele, passa por investimentos em infraestrutura, como a ampliação da pista de pouso do Afonso Pena e implementação de terminais de cargas no interior do Estado.
Malucelli comentou que a localização do aeroporto de Curitiba também prejudica os projetos de expansão. “A localização do aeroporto não comporta o transporte de carga. Deveríamos investir em aeroportos do interior como de Maringá, que tem grande área para expansão. É preciso um planejamento estratégico para que a logística aérea se desenvolva”, disse.

“A intermodalidade é um objetivo de todos nós, mas é preciso investimentos e não vemos isso acontecendo na infraestrutura aérea a curto prazo”, comentou. Ele acredita que esses investimentos só ocorrerão via recursos privados com a concessão, privatização ou PPPs (parceria público privada).

A diretora operacional da TepComex Assessoria e Consultoria em Comércio Exterior, Karina Turbay Schnaid, acredita que a baixa utilização do transporte aéreo de carga também é em função do desconhecimento das vantagens desse modal.
Ainda há uma mistificação que o frete é muito caro. Schnaid exemplificou que o frete de uma carga que custa R$ 300 no aéreo pode chegar a custar R$ 3 mil no rodoviário, em função do custo com seguro rodoviário da carga.

“É um modal rápido, mas falta conhecimento do processo operacional. O Norte do Estado e interior de São Paulo têm um grande potencial, mas infelizmente ainda não há uma visão de exploração do potencial”, analisou a diretora. (Com Agência Estado)

Aline Machado Parodi
Reportagem Local