USP testa rodovias com aço que só precisam de manutenção em 60 anos

magine uma rodovia construída com um material tão resistente que precise de pouca manutenção, só a cada 60 anos. É o que pesquisadores da Universidade de São Paulo estão testando.

Vai dizer que não é uma imagem de sonho pra quem viaja ou já viajou pelas estradas do Brasil? Uma pista sendo construída com o que tem de mais moderno no mundo, usando concreto, praticamente penteado a mão pra ficar melhor.

Bom, isso ainda é meio sonho mesmo. Porque a “estrada” é um experimento científico feito na USP. E antes de explicar esse teste com essa maravilha, vamos a um choque de realidade.

O Rodoanel é uma estrada de concreto. E por ser de concreto, deveria ser mais resistente, deveria ser mais suave pra rodar. Mas você reconhece o sacolejo do vídeo? Sacolejo bem conhecido dos brasileiros. É o sacolejo da estrada ruim.

Um trecho do Rodoanel está tão danificado que está sendo retirado e substituído por asfalto. E olha que, em se tratando de Brasil, uma estrada dessas nem é tão ruim.

E ruim mesmo é em Goiás, que tem duas estradas que estão interditadas pra passagem de caminhões porque simplesmente não dá mais mesmo pra eles passarem.

Mas tem buraqueira também em várias estradas de Minas.

“Uai, está tudo ruim, cheio de buraco, desnível, acostamento muito mais baixo do que a pista”, diz o caminhoneiro Antônio Carlos Almeida Silva.

Em Pernambuco…E por mais onde a colcha de retalhos de asfalto que são nossas estradas nos levar.

“Pavimento sem manutenção, principalmente asfáltico, ele se degrada. E depois que ele se degradou, o ritmo de degradação é muito rápido, então a recuperação é cada vez mais cara e difícil, fora o custo do usuário”, comenta José Tadeu Balbo, chefe do Departamento de Engenharia e Transportes da USP.

Por isso o estudo da USP. Eles pegaram a tecnologia mais eficiente usada lá fora e estão testando adaptações pra nossa realidade. A base da estrada é feita de aço. Quase a estrutura de construção de um prédio. O que vai impedir rachaduras na pista. Depois vem o concreto. Sem emenda nenhuma. Nada de desníveis.

Claro que o sistema é mais caro. Até 40% mais. Mas o professor calcula que o investimento se paga porque a pista pode ficar até 60 anos sem esburacar.

“A gente precisa, urgente, desenvolver soluções de alta durabilidade pras rodovias no Brasil. O Brasil é um país rodoviário, a ferrovia ainda é muito pouco explorada pra carga, então nós precisamos fazer pavimentos cada vez mais robustos”, diz José Tadeu Balbo.