Época

Apesar da crise econômica que assola o país, e que atingiu fortemente o setor de caminhões com queda de 71% na produção de 2009 para cá, a Volkswagen Truck & Bus anunciou investimento de R$ 1,5 bilhão em sua fábrica de caminhões em Resende, no sul fluminense. O recurso será aplicado entre os anos de 2017 e 2021 para o desenvolvimento de novos produtos e na modernização da produção, explicou Andreas Renschler, presidente da Volkswagen Truck & Bus.

“Acreditamos que o mercado vai reagir. Sabemos que levará algum tempo para essa reação chegar ao mercado de caminhões, mas estamos lançando esse investimento para assumirmos uma boa posição quando o ciclo for positivo”, disse Renschler durante encontro com jornalistas em São Paulo.

A fábrica de Resende opera hoje com 75% de capacidade ociosa. O número de funcionário também caiu ao longo do tempo. Em 2011, a unidade empregava 2,3 mil pessoas, hoje são 1,7 mil. Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America, fabricante dos ônibus e caminhões da marca Volkswagen, explicou que a empresa iniciou um processo de ajuste em 2012, com objetivo de deixar a produção do tamanho da demanda. O objetivo deste investimento é o mesmo, adequar a companhia para a demanda futura.

Companhia quer se fortalecer Sean Gallup/Getty Images
Companhia quer se fortalecer Sean Gallup/Getty Images

“Acreditamos que em 2018 haverá a melhora do nível de emprego e do investimento, e as pessoas voltarão a consumir”, disse Cortes, para completar: “As vendas de caminhões voltarão, fazendo uma curva em formato de U, não de V, ainda sofrendo em 2017 e 2018, mas vão voltar”.

Entre as apostas para a unidade de Resende está o aumento das exportações a partir da unidade. Hoje, segundo os executivos, entre 15% e 20% da produção total é exportada. O objetivo é ampliar para 30% nos próximos três anos.

Renschler e Cortes estiveram na manhã desta quinta-feira com o presidente Michel Temer, em Brasília, para oficializar o plano de investimentos. O ministro da Indústria, Marcos Pereira, e o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, também participaram do encontro. Na ocasião, contou Cortes, os executivos pediram ao governo a ampliação do Finame, disponibilizado pelo BNDES para empresas que querem comprar máquinas ou caminhões; e a melhor oferta de crédito para exportação.

“A indústria não quer subsídio nem incentivo fiscal, mas a melhoria de dispositivos que criam uma base para financiar a troca dos veículos”, detalhou Cortes, acrescentando que Temer recebeu bem a sugestão e ficou de avaliar a possibilidade.

O alemão Renschler frisou que a Volkswagen acredita que a situação política e econômica brasileira “vai melhorar, a questão é saber quando”.

“Não somos novos no Brasil e sabemos que as coisas oscilam o tempo todo para cima e para baixo. É verdade que essa crise foi a pior, mas vemos um movimento na direção correta para o país superar os atuais enormes desafios”, afirmou.